Um estudo realizado por pesquisadores norte-americanos descobriu que a diabetes pode estar associada a um desenvolvimento rápido de bactérias muito resistentes a antibióticos. A Staphylococcus aureus, utilizada como foco da pesquisa pelos observadores, é um patógeno que causa infecções recorrentes principalmente em pessoas com diabetes e pode ser fatal ao entrar na corrente sanguínea.
A pesquisa publicada em fevereiro na revista científica Science Advances utilizou camundongos para chegar aos resultados. Primeiramente, os estudiosos provocaram a diabetes em um grupo e o outro se manteve sem a condição crônica. A partir daí, eles testaram a resistência bacteriana nos animais com e sem diabetes e perceberam que a evolução da resistência ocorreu muito mais rapidamente nos diabéticos.
A diabetes surge devido ao aumento da glicose no sangue, que é chamado de hiperglicemia. Isso ocorre como consequência de defeitos na secreção ou na ação do hormônio insulina, que é produzido no pâncreas
A função principal da insulina é promover a entrada de glicose nas células, de forma que elas aproveitem o açúcar para as atividades celulares. A falta da insulina ou um defeito na sua ação ocasiona o acúmulo de glicose no sangue, que em circulação no organismo vai danificando os outros órgãos do corpo
Uma das principais causas da doença é a má alimentação. Dietas ruins baseadas em alimentos industrializados e açucarados, por exemplo, podem desencadear diabetes. Além disso, a falta de exercícios físicos também contribui para o mal
A diabetes pode ser dividida em três principais tipos. A tipo 1, em que o pâncreas para de produzir insulina, é a tipagem menos comum e surge desde o nascimento. Os portadores do tipo 1 necessitam de injeções diárias de insulina para manter a glicose no sangue em valores normais
Já a diabetes tipo 2 é considerada a mais comum da doença. Ocorre quando o paciente desenvolve resistência à insulina ou produz quantidade insuficiente do hormônio. O tratamento inclui atividades físicas regulares e controle da dieta
O pontapé inicial para a pesquisa partiu do interesse em entender por que os antibióticos não funcionam da maneira correta em algumas situações. Por exemplo, a bactéria que serviu de objeto de estudo é conhecida por ser perigosa e tem taxa de mortalidade associada a 20% mesmo com a existência de medicamentos para combatê-la. Em diabéticos, a Staphylococcus aureus pode causar infecções graves.
Os pesquisadores esperavam que a diabetes influenciasse a eficácia dos antibióticos, mas a grande surpresa foi que a doença contribuiu diretamente para que a bactéria se tornasse super resistente. Isso aconteceu porque o sistema imunológico debilitado dos diabéticos permite que a bactéria se prolifere sem muito controle, além da glicose extra presente no corpo favorecer o crescimento do microrganismo, tornando-o mais forte e resistente.
Desenvolvimento de superbactérias pode estar ligado a outras doenças
Além da diabetes, os pesquisadores levantaram a hipótese da evolução das bactérias super resistentes também acontecer em pessoas acometidas por outras doenças, como o HIV.
O próximo passo será testar esse fenômeno em seres humanos para entender melhor como ele ocorre e buscar novas estratégias para evitar o agravamento da resistência bacteriana.
METRÓPOLES*