Manaus (AM) – Após oito meses de prisão preventiva, a Justiça do Amazonas determinou a liberdade de Vitória Assis Nogueira, mãe de Laylla Vitória, bebê de 1 ano e 7 meses estuprada e morta em Jutaí (AM) em setembro de 2024. A decisão, tomada na noite desta segunda-feira (7), ocorreu após o reconhecimento de excesso de prazo na instrução do processo.
A justiça aceitou o pedido da defesa, que alegou violação do princípio da razoável duração do processo. Vitória e outros quatro réus (entre os 16 acusados) estavam presos preventivamente desde o linchamento de Gregório Patrício da Silva, o picolezeiro que confessou o estupro e assassinato da criança.
“Era uma dupla penalidade: ela perdeu a filha brutalmente e ainda ficou presa sem condenação”, afirmou o advogado Vilson Benayon, que atua no caso ao lado da criminalista Mayara Bicharra. O Ministério Público (MP) apoiou a revogação, destacando que a maioria dos réus já respondia em liberdade.

Medidas da justiça após 11 horas de audiência
A sessão durou mais de 11 horas, com oitiva de policiais civis, militares e guardas municipais. A liberdade foi concedida com medidas cautelares (art. 319 do CPP), como:
- Proibição de deixar o município;
- Apresentações periódicas à Justiça;
- Afastamento de testemunhas e outros réus.
O linchamento de Gregório, em 2024, chocou o país: ele foi arrancado da delegacia, espancado e queimado vivo por uma multidão. Vitória sempre negou participação, mas foi incluída na ação por suposta coautoria moral.
Enquanto movimentos de direitos humanos criticam a “justiça” popular, parte da sociedade vê a mãe como vítima de um sistema que falhou em proteger sua filha. O Amazonas registrou 88 linchamentos nos seis primeiros meses de 2024, segundo dados oficiais.
O linchamento
No dia 19 de setembro de 2024, uma parte da população de Jutaí decidiu fazer justiça com as próprias mãos ao invadir a delegacia do município e retirar a força o preso Gregório Patrício da Silva, assassino confesso da bebê Laylla Vitória, de apenas 1 ano. Na ocasião, a multidão revoltado torturou o homem com extrema violência, furando seu corpo com estacas de madeira e o queimando vivo.
Em meio ao cenário caótico, equipes policiais se mobilizaram para realizar o resgate do preso, tentativa de culminou em confronto entre polícia e população. Apesar dos esforços por parte das autoridades, o grupo não entregou o homem e, após a sessão de tortura, o matou.
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