Em um julgamento que durou mais de oito horas, Bruno Henrique foi punido, em primeira instância, a 12 jogos de suspensão e uma multa de R$ 60 mil pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) por beneficiar apostas esportivas. Ele foi considerado culpado por levar um cartão amarelo de forma deliberada no jogo entre Flamengo e Santos, pelo Campeonato Brasileiro de 2023, para beneficiar apostas esportivas.
O atacante do rubro-negro foi condenado no artigo 243-A do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (CBJD), que menciona “atuar de forma contrária à ética desportiva, com o fim de influenciar o resultado de partida”. Ele foi absolvido da acusação do artigo 243 (atuar, deliberadamente, de modo prejudicial à equipe que defende). Bruno Henrique pegou a pena mínima em relação a quantidade de jogos. A pena máxima era de dois anos de suspensão.
A pena aplicada pelo STJD vale apenas para partidas organizadas pela CBF. A procuradoria do STJD pode pedir uma extensão de pena para todos os campeonatos, o que incluiria a Libertadores.
Defesa vai recorrer
A defesa de Bruno Henrique afirmou que recorrerá ao Pleno do STJD. Caso a punição seja mantida, o atacante ainda pode acionar, em última instância, o Tribunal Arbitral do Esporte (CAS), na Suíça.
A suspensão deve ser cumprida de forma imediata. Se contar apenas os 12 próximos compromissos marcados do Flamengo em competições nacionais, Bruno Henrique voltará contra o Bragantino, dia 10 de dezembro, pela 35ª rodada do Campeonato Brasileiro (perderá os jogos contra Juventude, Vasco, Corinthians, Cruzeiro, Bahia, Botafogo, Palmeiras, Fortaleza, Sport, São Paulo, Santos e Fluminense). Caso o jogo contra o Sport, válido pelo 1º turno, seja remarcado neste período e caso jogos da Libertadores passem a valer para a pena, o jogador cumprirá a suspensão antes e voltará mais cedo.
De folga e viajando a lazer, Bruno Henrique participou de julgamento através de videoconferência. Ele alegou inocência:
— Gostaria de reafirmar minha inocência, dizer que confio na Justiça Desportiva, jamais cometi as infrações de que estou sendo acusado. Meus advogados estão aí e falarão por mim. Faço questão de mostrar respeito e minha total confiança nesse tribunal. Desejo excelente julgamento e que tudo transcorra de forma leve e justa — disse o jogador.
Além de Bruno Henrique, seu irmão Wander foi punido com 12 jogos de suspensão, que teve os amigos Claudinei Vitor Mosquete Bassan suspenso por sete jogos e Andryl Sales Nascimento dos Reis e Douglas Ribeiro Pina Barcelos punido com seis partidas de suspensão.
Veja os votos:
O auditor/relator Alcino Guedes abriu a votação indicando a absolvição de Bruno Henrique no artigo 243 do CBJD, mas optou pela condenação do jogador no 243-A, pedindo pena mínima de 12 partidas e multa de R$ 60 mil.
O auditor Guilherme Martorelli citou que Bruno Henrique revelou que o clube havia ordenado que tomasse cartão amarelo, o que não se enquadra como prejuízo à instituição. Assim, absolveu-o no 243. Quanto ao 243-A, apontou que não se pode confundir estratégia de jogo com manipulação, e também absolveu. Porém, condenou-o no artigo 191, com multa de R$ 100 mil.
O auditor William Figueiredo votou pela absolvição nos artigos 243 e 191, mas seguiu o relator ao acolher a acusação do artigo 243-A, por conta das provas de mensagens entre Bruno Henrique e o irmão, e aplicou pena de 12 partidas e multa de R$ 60 mil.
A auditora Carolina Ramos também votou pela condenação no artigo 243-A, com pena de 12 partidas e multa de R$ 60 mil.
O presidente Marcelo Rocha tomou a mesma decisão, condenando Bruno Henrique no artigo 243-A, pedindo pena de 12 partidas e R$ 60 mil.
Por qual motivo Bruno Henrique foi julgado?
Bruno Henrique foi considerado culpado por ter compartilhado informações antecipadas sobre o cartão amarelo recebido em jogo contra o Santos no estádio Mané Garrincha, em Brasília, no dia 1º de novembro de 2023. O lance beneficiou seu irmão, Wander, que ainda repassou as informações privilegiadas a amigos.
Além da dupla, também foram denunciados pelo STJD Claudinei Vitor Mosquete Bassan, Andryl Reis e Douglas Barcelos. Também estão envolvidas Ludymilla Araújo Lima, esposa de Wander, e Poliana Ester Nunes Cardoso, prima de Bruno Henrique, mas ambas estão fora da mira do STJD.
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Desde quando Bruno Henrique é investigado?
Bruno Henrique também responde pelo caso na Justiça Comum. O caso vem sendo investigado desde agosto do ano passado pela Polícia Federal e pelo Ministério Público do Distrito Federal, quando três casas de apostas detectaram volume e movimentações anormais de apostas em cartões para o atacante naquela partida.
Em novembro, ocorreu uma busca e apreensão do celular do jogador, mas o STJD arquivou o caso. Em abril deste ano, Bruno Henrique foi indiciado pela PF por estelionato e fraude em competição esportiva. O órgão teve acesso a conversas entre o jogador e seu irmão comprovando que a informação do cartão estava sendo antecipada. Em junho, ele foi denunciado pelo MP. Caso seja condenada às penas máximas na esfera comum, a punição do jogador pode chegar a 17 anos e oito meses de prisão.
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