Levantamento recente aponta um cenário incomum nos rios do Amazonas, com registros de diminuição no nível das águas do Rio Solimões, mesmo durante o período em que tradicionalmente ocorre a cheia. As informações foram divulgadas pela Praticagem dos Rios Ocidentais da Amazônia (Proa Manaus) a partir de monitoramento realizado nesta terça-feira (30).
O período de cheia na região amazônica costuma ocorrer entre os meses de dezembro e junho, impulsionado pelo aumento das chuvas do inverno amazônico, com pico esperado entre maio e junho. No entanto, após duas secas severas consecutivas registradas em 2023 e 2024, o comportamento hidrológico no interior do estado segue apresentando alterações.
Os dados indicam redução do nível do Rio Solimões em diferentes municípios. Em Tabatinga, no Alto Solimões, a cota caiu de 8,44 metros, em 21 de dezembro, para 7,40 metros. Em Coari, no Médio Solimões, o nível recuou de 13,38 metros para 13,25 metros. Já em Santo Antônio do Içá, a queda foi de 10,44 metros para 9,08 metros, confirmando o padrão atípico ao longo da calha do rio.
Especialistas associam o fenômeno aos impactos acumulados das secas históricas dos últimos anos, que comprometeram a recarga natural dos sistemas hídricos. Mesmo com o avanço do período chuvoso, os níveis dos rios ainda respondem de forma irregular.
Entre os fatores que influenciam esse comportamento estão o regime do inverno amazônico, que normalmente eleva gradualmente os rios, e a atuação do fenômeno La Niña, responsável por modificar os padrões de precipitação na região e provocar respostas distintas entre as bacias hidrográficas.
Em contraste, o Rio Negro, em Manaus, segue com elevação compatível com o período chuvoso, subindo de 21,66 metros, em 21 de dezembro, para 21,98 metros nesta terça-feira (30), evidenciando a diferença de comportamento entre os principais rios do Amazonas.
