(Marcelo Camargo/Agência Brasil)
Os Correios lançaram oficialmente nesta semana a plataforma de vendas online “Mais Correios”, uma iniciativa que marca a entrada da estatal no competitivo mercado do comércio eletrônico, atualmente dominado por gigantes como Amazon, Shopee, Mercado Livre e Shein. Com cerca de 500 mil produtos divididos em 25 categorias, o novo marketplace já está em funcionamento em todo o território nacional pelo site www.maiscorreios.com.br.
A proposta da estatal é clara: aproveitar a sua vasta rede logística — presente em 100% dos municípios brasileiros — para democratizar o acesso ao e-commerce e gerar novas receitas, num momento em que enfrenta fortes desafios financeiros.
Somente em 2024, os Correios registraram um prejuízo de R$ 2,59 bilhões, mais de quatro vezes maior que o registrado no ano anterior. No primeiro trimestre de 2025, o déficit acumulado chegou a R$ 1,7 bilhão, impulsionado, entre outros fatores, pela chamada “taxa das blusinhas”, que desde agosto de 2024 tributa compras internacionais de até US$ 50.
“Queremos transformar os Correios no maior integrador logístico e digital do Brasil. Entregamos em qualquer cidade, com estrutura própria, o que nos dá uma vantagem estratégica”, afirmou o presidente da estatal, Fabiano Silva dos Santos, durante o lançamento da plataforma. Segundo ele, o governo federal investiu R$ 800 milhões na modernização da empresa para viabilizar projetos como este.
A maior parte dos produtos disponíveis no Mais Correios vem de grandes redes varejistas, como Casas Bahia, Ponto, Extra, ShopHub e WebContinental. O marketplace também é resultado de uma parceria com a Infracommerce, empresa especializada em soluções de e-commerce.
Além de roupas, eletrodomésticos e artigos de beleza, a plataforma promete oferecer parcelamento em até 10 vezes sem juros e, até o final do semestre, deve lançar um meio de pagamento próprio. Outro foco do projeto é incluir pequenos e médios empreendedores, que poderão vender seus produtos utilizando a infraestrutura dos Correios.
A empresa também anunciou um Programa de Desligamento Voluntário (PDV) como parte do esforço para reduzir custos operacionais em R$ 1,5 bilhão ainda este ano. A iniciativa visa enxugar o quadro de funcionários e adequar os gastos à nova realidade digital da estatal.
Segundo o Ministério das Comunicações, o Mais Correios integra a estratégia “Correios do Futuro”, que pretende transformar a estatal em um agente central de comércio e logística digital, além de estimular o crescimento de negócios locais e oferecer uma alternativa nacional aos marketplaces estrangeiros.
A expectativa agora recai sobre a adesão do público e a capacidade da empresa de competir em um mercado conhecido pela rapidez, variedade e agressividade promocional. “É um primeiro passo importante para a reestruturação dos Correios e uma oportunidade para pequenos negócios entrarem no ambiente online com apoio logístico robusto”, resumiu Fabiano dos Santos.
FOLHA DE CAMPO GRANDE*