A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai abrir, nos próximos dias, consulta pública sobre mudanças nas embalagens de cigarros no Brasil. A ideia é colocar na frente da caixa frases de impacto. No verso deve ser colocada uma faixa amarela com uma frase de advertência, um símbolo de produto tóxico no meio e, embaixo as imagens. São essas imagens bem gráficas que mostram pessoas sofrendo com vários tipos de doenças provocadas pelo cigarro.
Segundo a médica oncologista do Hospital das Clínicas da UFMG e da Oncoclínicas, Flávia Amaral, as imagens são impactantes e eficientes para a pessoa parar de fumar.
“É um processo que vem acontecendo há muitos anos. Então, a regulamentação das embalagens de cigarro, elas vêm há mais de 35 anos sendo aprimoradas. E a depender de cada avaliação que é feita pela equipe da Anvisa e outros órgãos, mudanças são feitas nas embalagens para que essas informações que realmente são eficazes, que realmente fazem sentido, que ajudam, que levam a pessoa a parar de fumar, que elas fiquem mais evidentes. De 2001, depois de 2004, 2016, foram tendo várias mudanças nas embalagens, justamente nesse intuito, de entender aquilo que trazia o maior impacto para a pessoa que estava fumando, para alertá-la do mal do cigarro, dos riscos relacionados e despertar nela a vontade de parar de fumar”, explica.
De acordo com a especialista, alguns estudos mostram que a imagem impacta mais do que as frases. “De tempos em tempos, a Anvisa escolhe quais serão os temas que vão ser abordados e as imagens que vão fazer parte das embalagens, e que traz o grande impacto para a pessoa que vê aquilo. Além dessa questão da imagem, a ideia também é que tenha na embalagem um QR Code que permita que informações via áudio sejam transmitidas para consumidores que são deficientes visuais”, detalha.
O mês de agosto é dedicado ao combate e à conscientização de câncer de pulmão. Cerca de 80{ea745f5b8636d6597c0fc8ac9c0f2d640b6664a3078a54c2c479998dee492fe0} dos casos de câncer de pulmão são relacionados ao cigarro. Existe uma tendência também de aumento entre não tabagistas para os outros fatores, mas ainda é o cigarro o maior responsável.
“O Brasil é um exemplo na Organização Mundial de Saúde no combate ao tabagismo, mas ainda assim a gente tem um número expressivo. Cerca de 9{ea745f5b8636d6597c0fc8ac9c0f2d640b6664a3078a54c2c479998dee492fe0} da nossa população é tabagista e cada vez mais a gente vê no mercado a entrada de novos produtos associados com tabaco. Outras doenças relacionadas ao cigarro também merecem atenção, a doença arterial, seja ela periférica, coronariana ou sistema nervoso central. Pacientes podem perder os membros por conta do cigarro, podem surgir ferida, necrose, infarto, que claro, isso vai levar a óbito em uma grande parcela de pacientes. Acidade Vascular Cerebral (AVC), que por muitas vezes, se não leva a óbito, vai culminar em sequelas permanentes para esses pacientes. Fora as doenças também respiratórias, como a fibrose pulmonar, que é induzida pelo cigarro, que leva a falta de ar. E outros tipos de cânceres, como da boca, garganta, da bexiga também”, alerta Flávia Amaral, oncologista do Hospital das Clínicas da UFMG e da Oncoclínicas.
