A tentativa de recompra da SAF do Botafogo por John Textor, com apoio financeiro do empresário grego Evangelos Marinakis, esbarra em uma condição imposta pelos executivos da Eagle Football Holdings, dona de 90% das ações da SAF, e hoje comandada pelos antigos parceiros do americano, como a ARES (fundo de investimento) e Michelle Kang (nova mandatária no Lyon), além de outras empresas. Os ex-parceiros de Textor, que romperam com o empresário em abril após o colapso financeiro do Lyon, não se opõem à venda do clube — mas não o venderão ao norte-americano enquanto ele continuar no comando da SAF. Para eles, a permanência de Textor à frente da operação cria um conflito de interesses, já que ele atuaria simultaneamente como comprador e vendedor do ativo.
O receio é que Textor, mantendo o controle do Botafogo, possa tentar desvalorizar artificialmente o clube para recomprá-lo por um preço mais baixo. Uma das estratégias aventadas seria realizar transações com Marinakis — como compra e venda de jogadores — que prejudiquem o desempenho financeiro da SAF.
A Eagle já comunicou a Textor que só está disposta a negociar se ele deixar o poder. O empresário, por sua vez, se recusa a abrir mão do comando e segue tentando forçar a operação de recompra. Após tomar conhecimento da condição, criou uma nova empresa nas Ilhas Cayman, chamada Eagle Football Group, com o objetivo de adquirir o Botafogo, e tem buscado levantar recursos nas últimas semanas.
Nos bastidores, a Eagle não considera a venda para Textor como a melhor alternativa. O cenário ideal, segundo fontes ouvidas pela reportagem, seria negociar com um terceiro interessado. Mas o tempo necessário para articular essa solução — somado ao imbróglio judicial envolvendo a SAF — torna essa saída improvável no curto prazo.
Outra possibilidade considerada pela empresa seria manter o Botafogo em seu portfólio, retirando Textor da operação e estabelecendo um novo entendimento com o clube associativo, sócio minoritário da SAF e detentor de direitos de veto e decisão sobre mudanças de controle. Essa alternativa, no entanto, é vista com ceticismo dentro da própria Eagle, já que o clube associativo permanece alinhado com Textor e não deseja sua saída.