ENQUANTO PLANO DE CONTROLE DA CBF NÃO SAI, CLUBES BRASILEIROS GASTAM O QUE NÃO PODEM EM REFORÇOS

Vejamos quais serão os termos do Regulamento do Sistema de Sustentabilidade Financeira (SSF), conjunto de regras a ser elaborado pela Comissão Nacional de Fair Play Financeiro da CBF. Ela será composta por representantes da própria entidade, das federações estaduais, e dos clubes das Séries A e B, com a participação também de especialistas em finanças, governança e direitos esportivos. A partir da próxima segunda-feira, este grupo presidido pelo presidente da Federação Paraense, Ricardo Gluck, terá 90 dias para apresentar o escopo do projeto que Samir Xaud, o novo mandatário da CBF, já propaga como marco da vigília por uma gestão ética e sustentável nos clubes.

Enquanto o plano não sai, os clubes brasileiros vão gastando o que não podem em reforços para a segunda metade do ano. Em estudo recente publicado pela Sports Value, especializada na análise das finanças esportivas, verificou-se que os 20 principais aumentaram em 22% o endividamento total — passou de R$ 10 bilhões em 2023 para R$ 12 bilhões em 2024. Por coincidência, o endividamento fiscal de R$ 2,6 bilhões representa também 22% relação ao todo. Ou seja: se considerarmos os perdões já concedidos pelo governo ao longo da última década, veremos que a farra é desmedida e irresponsável. E que a necessidade de medidas duras extrapola o politicamente correto.

Vejamos, por exemplo, o caso do Fluminense, que no fim do ano tem eleição presidencial. Seu presidente, Mário Bittencourt, não pode se candidatar a um terceiro mandato. Mas trabalha para ser o CEO da SAF cuja criação está em vias de ser aprovada. Para a continuidade de seu projeto pessoal, é importante que o clube tenha êxito esportivo. Muito provavelmente, por isso, ele tenha gasto mais de R$ 200 milhões na contração de 11 jogadores nos últimos 12 meses. O último deles anunciado ontem: o clube pagará ao Santos cerca de R$ 30 milhões por 50% dos direitos do atacante venezuelano Soteldo, de 28 anos.

Nas últimas quatro temporadas, ele disputou 70 partidas e participou de 23 gols. Não bastasse o gosto duvidoso por um jogador que cai de produção ano após ano,o próprio Fluminense mostrou, no balanço financeiro apresentado em abril, dever R$ 865 milhões, a quinta maior dívida entre os 20 clubes da Série A do futebol brasileiro. Acho que isso ilustra bem a necessidade desse controle…

*Extra

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