Foto:Carlos Bolívar
Manaus registrou o menor rendimento domiciliar por pessoa (renda per capita) entre todas as capitais brasileiras em 2024. É o que revela a Síntese de Indicadores Sociais 2025, divulgada nesta quinta-feira (4) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O valor médio na capital amazonense foi de apenas R$ 1.502, valor que representa menos da metade da média das outras capitais (R$ 2.590,04) e é mais de três vezes menor que o registrado por Florianópolis, líder do ranking, com R$ 4.673,75.
“A capital, Manaus, enfrenta o pior cenário de poder de compra familiar do país. Seu rendimento domiciliar per capita é o mais baixo entre todas as capitais, ficando muito abaixo da média nacional”, afirmou Adjalma Nogueira, Supervisor de Disseminação de Informações do IBGE no Amazonas. O indicador é obtido ao se dividir a renda total de uma população pelo número de habitantes, refletindo quanto, em média, cada pessoa dispõe para gastos.
A situação é agravada por uma queda no rendimento do trabalho. Em 2024, o ganho médio no trabalho principal em Manaus foi de R$ 2.684, uma redução em relação aos R$ 2.904 de 2023. Com isso, a capital ficou com o segundo pior desempenho do país nesse quesito, à frente apenas de Salvador (R$ 2.635). No topo da lista, aparecem Vitória (R$ 5.933), Florianópolis (R$ 5.716) e Curitiba (R$ 5.640), evidenciando um abismo econômico entre os trabalhadores manauaras e os de outras regiões.
Perda de renda e mercado de trabalho pressionado
Quando considerada a renda de todos os trabalhos (formais e informais), a média também recuou, passando de R$ 2.953 em 2023 para R$ 2.720 em 2024, uma perda de R$ 233 por trabalhador em um ano. “A redução reforça a tendência de perda de renda e ajuda a explicar o baixo desempenho da capital no ranking nacional”, destaca o estudo.
Os dados do mercado de trabalho mostram que Manaus tinha aproximadamente 1 milhão de pessoas ocupadas em 2024, o que equivale a 55,2% da população em idade ativa. Desse total, 536 mil estavam em empregos formais. A taxa de desocupação no estado foi de 10,3%, representando 116 mil pessoas em busca de trabalho.
O desempenho de Manaus contrasta fortemente com o de outras capitais, mesmo aquelas que enfrentam desafios socioeconômicos. Salvador, por exemplo, que também aparece com baixos rendimentos do trabalho, tem uma renda per capita (R$ 2.635) 75% superior à da capital amazonense.
Os números do IBGE colocam em evidência um dos principais desafios econômicos da principal metrópole da Amazônia: a geração de renda de qualidade para sua população, em um cenário de perda de poder de compra e distância crescente em relação aos centros mais desenvolvidos do país.
NORTE EM FOCO*
