‘MORANGO DO AMOR’: DOCE PODE TRAZER CONSEQUÊNCIAS AMARGAS PARA A PELE

Ao pensar no clássico “morango do amor” ou na maçã do amor das festas populares, dificilmente se associa esses doces à saúde da pele. Mas, segundo a médica Isabel Martinez, que há quase 20 anos estuda os efeitos do estilo de vida sobre o envelhecimento cutâneo, o consumo frequente de açúcares simples pode ter impactos diretos na qualidade da pele — e acelerar seu envelhecimento.

Martinez explica que o açúcar presente nesses doces é, geralmente, uma mistura de sacarose e glicose líquida em altas concentrações. Ao ser ingerido, provoca um rápido aumento da glicemia, desencadeando um processo conhecido como glicação. “Nessa reação, moléculas de açúcar se ligam ao colágeno e à elastina, fibras essenciais de sustentação da pele, formando os chamados produtos finais de glicação avançada (AGEs)”, afirma.

Esses AGEs, segundo ela, tornam as fibras rígidas e menos funcionais, afetando diretamente a elasticidade da pele. “O resultado é uma pele mais flácida, com maior tendência a rugas e aparência cansada. Estudos em revistas como o Journal of the American Academy of Dermatology mostram que níveis elevados de AGEs estão ligados ao envelhecimento cutâneo precoce”, destaca a médica.

Além da glicação, o excesso de açúcar também induz um estado inflamatório crônico — um processo chamado inflamaging — que acelera a degradação do colágeno e agrava condições como acne e rosácea, especialmente em pessoas predispostas.

Outro ponto levantado pela dermatologista é a relação entre alimentação e o microbioma intestinal. “O açúcar afeta o equilíbrio do intestino, impactando a barreira cutânea e favorecendo desequilíbrios que se refletem diretamente na pele, prejudicando seu brilho, textura e saúde geral.”

Impactos que vão além da estética

Embora muitos associem o efeito do açúcar apenas ao envelhecimento precoce, a médica diz que que os impactos vão além:

Aumento da resistência insulínica, que está ligada à piora da qualidade da pele;

Alterações no microbioma cutâneo, que reduzem a resiliência da pele;

Potencialização de processos inflamatórios, que prejudicam a recuperação tecidual e a luminosidade natural.

Apesar dos alertas, Martinez não defende a exclusão radical de doces da dieta. “Pecar de vez em quando com um morango do amor não é o problema. O risco está no consumo frequente de doces ricos em açúcares simples, que, a médio e longo prazo, podem comprometer a estrutura e a função da pele.”

Para ela, o cuidado dermatológico atual vai além dos cremes e procedimentos. “A dermatologia moderna passa pela compreensão do impacto do estilo de vida sobre o organismo. Cuidar da pele é, também, cuidar do que colocamos no prato”, conclui.

Com informações da assessoria 

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