SAIBA O QUE ACONTECERIA SE VULCÕES DO ‘ANEL DE FOGO’ ENTRASSEM EM ERUPÇÃO

O terremoto de magnitude 8,8 que atingiu a Rússia na quarta-feira (30), gerando ondas de tsunami no Japão, no Havaí e na Costa Oeste dos Estados Unidos, levantou alertas entre especialistas sobre possíveis efeitos na atividade vulcânica ao longo do Anel de Fogo, região que concentra 75% dos vulcões ativos do planeta. Cientistas afirmam que, embora seja improvável, um tremor dessa intensidade pode desencadear erupções em alguns pontos do cinturão, que se estende por cerca de 40 mil quilômetros ao redor do Oceano Pacífico.

O Anel de Fogo reúne mais de 425 vulcões, incluindo o Monte Santa Helena, nos Estados Unidos, o Monte Fuji, no Japão, e o Krakatoa, na Indonésia. O professor Valentin Troll, vulcanologista da Universidade de Uppsala, disse ao Daily Mail que, se todos eles entrassem em erupção ao mesmo tempo, haveria “queda local de cinzas e problemas de infraestrutura associados a problemas de tráfego aéreo e problemas climáticos de longo prazo devido a grandes quantidades de partículas lançadas na atmosfera”. Segundo ele, um cenário desse tipo, embora improvável, poderia levar a um “inverno vulcânico por vários anos após as erupções”.

Após o terremoto na Rússia, observadores detectaram atividade no vulcão Klyuchevskoy, em Kamchatka. Localizado a cerca de 450 quilômetros de Petropavlovsk-Kamchatsky, ele é um dos mais altos do mundo, com 4.774 metros. O Dr. Morgan Jones, da Universidade de Umeå, afirmou que a deformação do solo provocada pelo tremor “pode muito bem ter desestabilizado a câmara magmática” do vulcão, que já estava em erupção há meses.

Pesquisas indicam que grandes terremotos podem criar novas aberturas para a entrada de magma nas câmaras vulcânicas ou perturbar bolhas de gás, aumentando a probabilidade de erupção. “Ondas de choque sísmicas podem viajar do epicentro por centenas a milhares de quilômetros e sacudir vulcões que já estão próximos de uma erupção”, explica Troll.

Se o Anel de Fogo entrasse em erupção por completo, os efeitos seriam sentidos globalmente. Vulcões liberariam grandes quantidades de enxofre e poeira na atmosfera, bloqueando a luz solar e provocando queda de temperatura. Especialistas estimam que a redução média poderia chegar a 1°C, com verões úmidos e frios e impacto severo nas colheitas por dois a cinco anos.

O histórico do Anel de Fogo mostra que 11 das 13 maiores erupções registradas nos últimos 10 mil anos ocorreram nessa região. O exemplo mais extremo é o Monte Tambora, na Indonésia, cuja erupção em 1815 reduziu em 0,5°C a temperatura no hemisfério norte e ficou marcada como o “ano sem verão”.

Mesmo assim, especialistas descartam a possibilidade de todas as erupções ocorrerem simultaneamente. O Dr. Jonathan Paul, da Royal Holloway, disse que “as cinzas resultantes ainda não seriam capazes de induzir um inverno global” e lembrou que o evento que extinguiu os dinossauros liberou trilhões de vezes mais energia do que cada vulcão do Anel de Fogo poderia liberar.

A professora Lisa McNeil, da Universidade de Southampton, reforça que “tivemos vários grandes terremotos no mundo todo nos últimos 20 anos e eles não desencadearam erupções vulcânicas generalizadas”. Segundo ela, um tremor como o de Kamchatka acontece em média a cada 10 anos e pode afetar vulcões próximos, mas não provocar erupções massivas. Além disso, a maioria dos vulcões leva meses ou anos para acumular pressão suficiente para entrar em erupção.

O Anel de Fogo percorre a costa do Oceano Pacífico, passando por 15 países e regiões como Chile, Estados Unidos, Japão e Indonésia. Cerca de 90% dos terremotos do mundo ocorrem nessa faixa, onde placas tectônicas colidem e formam uma das áreas de maior risco geológico do planeta.

 

Fonte: R7

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