(Arte: Chaybe Lucas/ Portal Tucumã)
Ela sentiu as primeiras dores ainda na fila do embarque. Suava frio, segurava a barriga e tentava disfarçar o pânico enquanto se aproximava do controle de passaporte no Aeroporto de Viracopos, em Campinas. Mal sabia que aquele mal-estar era o sinal de que seu corpo começava a rejeitar 1 kg de cocaína compactada em 84 cápsulas que trazia no estômago, e que sua agonia iria desmantelar uma rede internacional de tráfico que operava desde a Amazônia.
Na manhã desta terça-feira (2), a Polícia Federal (PF) prendeu três pessoas em Manaus suspeitas de integrar uma rede internacional de tráfico de drogas que recrutava “mulas” para transportar cocaína dentro de cápsulas ingeridas com destino a países da Europa.
A operação, batizada de “Venenum Transit” (“Veneno Passageiro”, em latim), desarticulou parte de um esquema que tem conexões com o Primeiro Comando da Capital (PCC) e atuava em aeroportos brasileiros.
Como o tráfico selecionava as “mulas”
De acordo com as investigações, o grupo, formado por um homem e duas mulheres, era responsável por aliciar viajantes, oferecendo valores em troca do transporte de drogas no próprio corpo. Os alvos presos hoje em Manaus são apontados como peças-chave na logística de recrutamento e organização das viagens.
A operação teve início após um caso emblemático no Aeroporto de Viracopos, em Campinas (SP), em novembro de 2024, quando uma jovem passou mal ao tentar embarcar para Paris com aproximadamente 1 quilo de cocaína no estômago. Ela foi presa em flagrante e, a partir de suas declarações, a PF identificou a ramificação manauara da organização.
Os investigados responderão pelos crimes de tráfico internacional de drogas, associação para o tráfico e falsidade documental. Somadas, as penas podem ultrapassar 35 anos de prisão.
A PF suspeita que mais de 30 pessoas estejam envolvidas no esquema, que já levou à cumprimento de 42 mandados de busca e apreensão e 26 prisões desde 2023.
*FONTE: PORTAL TUCUMÃ