Em discurso ao Congresso argentino no último sábado (1º), o presidente da Argentina, Javier Milei, voltou a mencionar a possibilidade de o país deixar o Mercosul, afirmando que o bloco só beneficiou os grandes industriais brasileiros em detrimento dos argentinos. Para integrantes do Itamaraty ouvidos pela CNN, a declaração pode ser uma estratégia de Milei para desviar o foco do noticiário sobre o escândalo envolvendo criptomoedas.
Milei defendeu que a saída do Mercosul seria necessária para aproveitar uma “oportunidade histórica” de celebrar um acordo comercial com os Estados Unidos. “Para aproveitar essa oportunidade histórica que volta a se apresentar, é necessário estar disposto a flexibilizar. Incluindo, se for o caso, sair do Mercosul, que só o que fez desde sua criação foi enriquecer os grandes industriais brasileiros, às custas de empobrecer os argentinos”, afirmou o líder argentino.
Esta não é a primeira vez que Milei sugere a saída do bloco. Em 22 de janeiro deste ano, ele já havia declarado que, se necessário, deixaria o Mercosul para avançar em um acordo bilateral com os Estados Unidos, considerando essa uma prioridade para seu governo.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil não pretende responder oficialmente às declarações de Milei. Fontes do governo brasileiro avaliam que qualquer manifestação poderia “ajudar” o presidente argentino a desviar a atenção do escândalo das criptomoedas, que tem gerado repercussão negativa. Recentemente, Milei publicou um elogio à criptomoeda $Libra, o que levou à valorização do ativo. No entanto, após uma queda nos valores, o presidente apagou a postagem da rede social.
A estratégia de Milei parece ser a de redirecionar o debate público para questões geopolíticas e comerciais, enquanto o caso das criptomoedas permanece em evidência. A relação entre Argentina e Brasil, assim como o futuro do Mercosul, segue em um cenário de incertezas diante das recentes declarações do líder argentino.
*FONTE: PORTAL TUCUMÃ
