Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que um pastor evangélico é preso pela Polícia Civil do Amazonas durante a celebração de um culto religioso em Manaus. A cena, marcada por tensão e oração. O homem é um dos alvos da Operação Lousa Negra, deflagrada na segunda-feira (2), que visa desarticular uma quadrilha especializada em fraudes com empréstimos consignados feitos em nome de professores da rede estadual de ensino.
De acordo com o delegado Cícero Túlio, do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP), os envolvidos faziam parte de um grupo que atuava há bastante tempo em Manaus e em municípios do interior, usando dados pessoais de servidores da educação obtidos por meio de sites públicos, como o Portal da Transparência e o Tribunal de Justiça. A investigação começou após várias denúncias de professores que perceberam movimentações suspeitas em seus nomes.
O delegado explicou que o grupo se dividia em núcleos. Um deles era responsável por estudar o perfil financeiro das vítimas e repassar os dados para outra célula criminosa, especializada na falsificação de documentos. Em seguida, pessoas com características físicas semelhantes às das vítimas eram recrutadas para se apresentarem nas agências bancárias e assinarem os contratos fraudulentos. Parte desses trâmites contava com o apoio direto de corretores e gerentes de bancos, que facilitavam a liberação dos empréstimos.
“Identificamos que essas lideranças religiosas, tanto do segmento evangélico quanto afro, atuavam como cooptadores dentro das redes credenciadas dos bancos, intermediando diretamente os golpes”, afirmou o delegado.
Segundo a polícia, o grupo movimentou cerca de R$ 3 milhões em um ano. Outros suspeitos ainda estão foragidos: Pablo Kzar Andrade Costa, Peter Kalil Andrade Costa, Manoel David Miranda de Melo, Crisney Uchoa Correia, Rafael Bruno Lima de Souza e Marcos Pitter Lemos da Silva.
As investigações continuam para localizar os foragidos e apurar o envolvimento de outras pessoas e instituições financeiras no esquema criminoso.