Mosquito é transmissor da malária, febre amarela e dengue. — Foto: Lauren Bishop
Entre janeiro e maio de 2025, o estado do Amazonas apresentou uma redução histórica nos registros de malária, alcançando o menor número de casos para o período em mais de dez anos. De acordo com dados da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM), foram contabilizados 17.204 casos, frente aos 19.568 do mesmo intervalo de 2024 — uma queda de 24,5%.
A redução é atribuída ao fortalecimento das estratégias de controle da doença, que incluem o uso de mosquiteiros com inseticida, testes rápidos para diagnóstico precoce, distribuição da medicação tafenoquina (indicada para casos de malária por Plasmodium vivax) e ações educativas em áreas vulneráveis.
Apesar de ainda representar um desafio para a saúde pública, o Amazonas vem se destacando no cenário nacional pelos avanços obtidos por meio da atuação conjunta entre municípios, estado e governo federal.
No plano nacional, a luta contra a malária ganhou impulso com a criação da Frente Parlamentar pela Eliminação da Malária no Brasil (FPEMA), lançada no dia 17 de junho em Brasília. A iniciativa trabalha em parceria com o Ministério da Saúde para atingir a meta de eliminar a doença até 2035.
A estratégia está estruturada em cinco frentes principais: vigilância em saúde, políticas públicas, pesquisa científica, impacto climático e financiamento. Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a proposta da frente é transformar a abordagem da doença no Brasil. “Com inovação e compromisso, podemos alcançar resultados inéditos na saúde pública”, afirmou.
Embora a maior parte dos casos de malária ainda se concentre na Região Amazônica — responsável por 99% das notificações — seis estados da Amazônia Legal apresentaram queda nos registros entre janeiro e abril de 2025:
Mato Grosso: queda de 55,9%
Rondônia: queda de 45,7%
Roraima: queda de 39%
Pará: queda de 34%
Amapá: queda de 16%
Amazonas: queda de 12% (nos dados nacionais até abril)
Em contrapartida, o Acre e o Maranhão apresentaram ligeiro aumento no número de casos.
Com foco na eliminação da doença, o Ministério da Saúde anunciou um investimento superior a R$ 47 milhões nos anos de 2024 e 2025. A ação faz parte do programa Brasil Saudável, que visa eliminar 11 doenças e cinco infecções de transmissão vertical como problemas de saúde pública até 2030.
O plano prevê uma atuação em duas fases. Até 2026, 16 municípios prioritários receberão ações intensificadas. A partir de então, o programa será ampliado para 32 municípios, com oficinas de planejamento local, capacitação técnica e intensificação das medidas de prevenção, diagnóstico e tratamento.
Os resultados obtidos até agora mostram que o caminho rumo à eliminação da malária é possível e que as políticas públicas articuladas têm gerado efeitos concretos na redução da doença no país.