As queimadas e incêndios florestais no Amazonas voltaram a provocar preocupação neste início de setembro, principalmente em cidades do interior, onde a fumaça tem afetado a qualidade do ar e a saúde da população. Nesta terça-feira (2), a Defesa Civil estadual emitiu um alerta classificando como “ruim” a qualidade do ar em Humaitá, e “moderada” em pelo menos 16 localidades do Estado.
O boletim aponta que, em Humaitá, a concentração de partículas inaláveis (PM 2,5) ficou entre 50 e 75 µg/m³, quando o ideal para que o ar seja considerado “bom” é de 0 a 15 µg/m³. Nessas condições, toda a população pode apresentar sintomas como tosse seca, cansaço, irritação nos olhos e na garganta. Crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias ou cardíacas são os mais vulneráveis.
Em Tabatinga, São Paulo de Olivença, Japurá, Fonte Boa, Eirunepé, Carauari, Boca do Acre, Jutaí, Envira, Lábrea, Apuí, Manicoré (distrito de Santo Antônio do Matupi), Novo Aripuanã, Borba e Autazes, a classificação foi de nível “moderado”. Nesse cenário, a população em geral não sofre grandes impactos, mas pessoas em grupos sensíveis ainda podem sentir desconforto.
Monitoramento das instituições
A situação das queimadas vem sendo acompanhada de perto por órgãos estaduais e federais. Entre eles, está a Defensoria Pública do Amazonas (DPE-AM), que atua por meio do Grupo de Articulação e Atuação Estratégica para Acesso à Justiça dos Grupos Vulneráveis e Vulnerabilizados (GAEGRUV). O núcleo é responsável por monitorar riscos sociais, ambientais e humanitários, adotando medidas judiciais ou extrajudiciais quando necessário.
Segundo a defensora Fernanda de Carvalho e Santos, integrante do grupo, a atuação preventiva é essencial para proteger a população, especialmente em períodos de estiagem que se estendem entre julho e setembro.
“Seguimos atentos aos indicadores ambientais e sociais. Neste momento, os dados mostram redução significativa nos focos de incêndio em comparação a anos anteriores, mas, caso haja agravamento da situação, a Defensoria está pronta para agir em defesa dos grupos mais vulneráveis”, afirmou.
Números em queda
Levantamento feito pela DPE-AM junto ao Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e à Secretaria de Estado do Meio Ambiente (Sema) mostra que, até agora, o Amazonas registrou 1.980 focos de calor em 2025. O número é muito inferior ao registrado no mesmo período de 2024, quando houve 25.499 focos, e em 2023, que contabilizou 19.601.
Os dados reforçam que, apesar dos efeitos sentidos neste momento em algumas regiões, o Estado apresenta uma tendência positiva de redução das queimadas, possivelmente resultado de ações conjuntas de fiscalização e políticas públicas de prevenção.
Orientações da Defesa Civil
A Defesa Civil orienta que, diante de períodos de fumaça intensa, a população evite atividades físicas ao ar livre, mantenha os ambientes internos bem ventilados, utilize máscaras de proteção e aumente a ingestão de líquidos. Em casos de sintomas persistentes, a recomendação é procurar atendimento médico.
Em áreas com qualidade do ar considerada “ruim”, a orientação também inclui avaliar a possibilidade de deslocamento para locais menos afetados, especialmente no caso de pessoas em grupos de risco.
Fonte: AM POST