A Polícia Civil do Amazonas (PC-AM) deflagrou a Operação Holograma e prendeu membros de uma organização criminosa especializada em aplicar golpes milionários por meio de clonagem de biometria facial com uso de Inteligência Artificial (IA). A ação teve apoio de forças policiais em três estados e é o primeiro caso desse tipo registrado no Amazonas.
Coordenada pelo delegado Cícero Túlio, titular do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP) de Manaus, a operação teve o apoio do Grupo de Operações Especiais (GOE) da Polícia Civil de Ribeirão Preto (SP) e da Delegacia Regional de Uberlândia (MG). As investigações duraram cerca de dois meses e identificaram um grupo com atuação interestadual, que utilizava uma técnica chamada “plástica digital” para fraudar processos de financiamento bancário.
Clonagem facial para fraudar bancos
A quadrilha usava Inteligência Artificial para sobrepor digitalmente os rostos de vítimas reais em vídeos e fotos exigidos nos procedimentos de biometria facial exigidos por instituições financeiras. Com isso, conseguiam a aprovação de financiamentos para adquirir frotas de veículos utilitários em nome de terceiros.
A investigação revelou que o esquema permitiu a compra fraudulenta de dezenas de veículos em pelo menos cinco estados brasileiros, incluindo o Amazonas. Durante as ações policiais, foram apreendidos três veículos novos (zero quilômetro) financiados com documentos falsificados, além de celulares, computadores e documentos usados no esquema.
Prisões em SP e MG
Foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva, um de prisão temporária e quatro mandados de busca e apreensão. Os alvos foram localizados em Ribeirão Preto (SP) e Uberlândia (MG).
Em Ribeirão Preto, foram presos João Gregoletto Neto e Andressa Cristina de Melo Feitoza. Já em Uberlândia, foi presa temporariamente Luana Paula Alves Quirino, que já responde por tentativa de homicídio praticada em 2016 na zona rural da cidade, durante uma disputa de terras em um assentamento.
Segundo a polícia, Luana é apontada como mandante do crime ocorrido no passado, e agora é investigada por possível ligação com o esquema de clonagem facial.
Uma das linhas de investigação também apura se a quadrilha tem vínculo com uma organização criminosa ligada ao tráfico de drogas na região Sudeste, que poderia estar utilizando os veículos adquiridos de forma fraudulenta para o transporte de entorpecentes.
Crimes investigados
Os suspeitos foram encaminhados para audiências de custódia e devem responder por:
Estelionato
Associação criminosa
Falsificação de documentos
Falsidade ideológica
A Polícia Civil segue com as investigações para identificar outros envolvidos e dimensionar os prejuízos causados pelo grupo. Até o momento, não há uma estimativa oficial do total movimentado pela quadrilha.
EM TEMPO*