Um rompimento na barragem que dá acesso à balsa no km 24 da BR-319, na travessia do rio Curuçá, interditou totalmente o tráfego por volta das 17h de sábado (31).
A estrutura cedeu após ser arrastada pela força das águas, e deixou uma fila de mais de dois quilômetros de veículos, incluindo caminhões carregados com alimentos, medicamentos e produtos industriais. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) confirmou que não há previsão de liberação.
A situação agravou-se com a precariedade do acesso improvisado, construído como solução emergencial após o desabamento da ponte em 2022, tragédia que deixou cinco mortos. Desde então, a travessia no rio Curuçá depende de uma operação frágil, que agora entrou em colapso.
Em meio ao novo bloqueio, ganhou repercussão a declaração da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, feita dias antes do rompimento. Ela afirmou:
“Ambientalmente e economicamente, não se faz uma estrada de 400 quilômetros no meio de floresta virgem apenas para passear de carro, se não tiver associado a um projeto produtivo.”
A fala ecoa as críticas antigas sobre os altos custos de manutenção da BR-319, tanto em termos financeiros quanto ambientais. O projeto de reconstrução da ponte, por exemplo, já consumiu milhões de reais e segue com 75% das obras concluídas, com previsão de entrega para setembro deste ano.
Enquanto isso, a população local e motoristas enfrentam o isolamento e a incerteza. O caminhoneiro Adriano Rodrigues, 46, que transporta refrigerantes da Zona Franca de Manaus para Rondônia, está há mais de 24 horas parado no trecho:
“A gente fica aqui sem água, sem banheiro, esperando um improviso que nem sempre vem.”
As comunidades ribeirinhas, o comércio e a logística da região também sentem os impactos. A interdição prejudica o abastecimento de cidades como Autazes e Careiro da Várzea, que dependem da circulação regular de cargas pela BR-319.
O DNIT orienta o uso de rotas alternativas por balsas, mas a travessia é limitada e não dá conta da demanda represada. Técnicos estão no local tentando restabelecer a passagem emergencial, enquanto a nova ponte ainda é aguardada.
*Fonte: Portal Tucumã