A diretora de Auditoria de Previdência da Controladoria-Geral da União (CGU), Eliane Viegas Mota, afirmou nesta quinta-feira (4) que o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) foi alertado sobre o esquema de descontos irregulares em aposentadorias já em 2019, mas deixou de adotar providências quando voltou a ser informado sobre o problema em 2024. A declaração foi dada durante sessão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura as fraudes.
Segundo Eliane, a primeira denúncia partiu do Ministério Público do Paraná, que registrava um aumento no número de reclamações de segurados. Na época, a recomendação foi suspender acordos de cooperação técnica com quatro entidades suspeitas, medida adotada em 2019, mas parcialmente revertida com a reabilitação de algumas delas posteriormente.
O escândalo ganhou repercussão após reportagens do portal Metrópoles, a partir de dezembro de 2023, revelarem que as associações envolvidas arrecadaram cerca de R$ 2 bilhões em apenas um ano, ao mesmo tempo em que acumulavam milhares de processos por fraude em filiações. As publicações resultaram em investigações da Polícia Federal e na Operação Sem Desconto, deflagrada em abril deste ano, que levou à queda do presidente do INSS e do então ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Questionada pelo relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), sobre a possibilidade de a CGU ter conhecimento anterior aos alertas de 2019, Eliane Mota afirmou não haver registro de notificações anteriores.
A auditoria da CGU sobre o caso começou em março de 2024, quando Eliane se reuniu com o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto. Apesar de avaliar a gravidade da situação, Stefanutto não suspendeu os Acordos de Cooperação Técnica (ACTs) das entidades suspeitas. Ele foi afastado em abril, após se tornar alvo da investigação da PF sobre o desvio de recursos de aposentadorias.
*FONTE: PORTAL TUCUMÃ