Nesta quinta-feira (25), a CPMI que investiga desvios milionários em aposentadorias pagas pelo INSS ouviu um dos nomes mais citados nas investigações: Antônio Carlos Camilo Antunes, mais conhecido como “Careca do INSS”.
Preso desde o dia 12 de setembro, Antunes acabou aceitando comparecer à comissão após a convocação de familiares e pessoas próximas — entre elas, a esposa, o filho e antigos sócios.
Segundo a Polícia Federal, o “Careca” é apontado como o grande operador de um esquema de fraudes que teria desviado até R$ 6,3 bilhões do INSS entre 2019 e 2024. A investigação mostra que ele atuava como lobista e intermediador, facilitando o repasse de propina a servidores públicos para liberar dados de aposentados e viabilizar descontos indevidos nos benefícios.
Só entre 2023 e 2024, Antunes movimentou R$ 12 milhões e fez transferências de R$ 9,3 milhões para pessoas ligadas diretamente a servidores do INSS. A tática incluía o uso de entidades associativas que cadastravam aposentados sem autorização, usando até assinaturas falsas.
Após a desistência inicial de Antunes em depor, a CPMI decidiu apertar o cerco: convocou sua esposa, filho e ex-sócios, incluindo nomes diretamente ligados às empresas investigadas. Confira quem foi chamado:
- Romeu Carvalho Antunes (filho e sócio);
- Tânia Carvalho dos Santos (esposa e sócia);
- Rubens Oliveira Costa (ex-diretor de empresa);
- Milton Salvador de Almeida Júnior (acusado de ser sócio oculto);
- Nelson Wilians Fratoni Rodrigues (advogado investigado);
- Cecília Montalvão (ligada a outro investigado do esquema).
As empresas envolvidas recebiam repasses de associações de aposentados e, segundo a PF, redirecionavam parte do dinheiro a servidores públicos, fechando o ciclo da fraude.
Durante os trabalhos da CPMI, um dos momentos mais tensos foi a prisão em flagrante de Rubens Oliveira Costa, ex-diretor de empresas ligadas ao “Careca”. Ele foi detido por falso testemunho, após cair em contradições diversas durante seu depoimento.
Outro investigado, Milton Salvador, negou qualquer tipo de sociedade com o “Careca”, mas confirmou que sua empresa emitia notas fiscais a pedido de Antunes, sem saber exatamente que serviços estavam sendo prestados.
Antunes está detido na Superintendência da Polícia Federal e continua sendo o principal alvo das investigações da chamada Operação Sem Desconto, que apura o desvio de recursos públicos por meio de fraudes em aposentadorias e pensões.
O depoimento dele à CPMI pode esclarecer pontos-chave do esquema e ampliar o cerco a outros envolvidos, especialmente dentro do próprio INSS.
Com informações do G1