ESPECIALISTAS APONTAM EFEITOS DAS TARIFAS DOS EUA E AVALIAM MOEDA DOS BRICS

As tarifas de até 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros devem afetar diretamente exportadores, sobretudo do agronegócio e do setor siderúrgico, além de influenciar preços no mercado interno. A avaliação é do especialista em exportação Almir Pennafort e da economista e professora da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Leonice Benevides.

“Quem exporta é quem mais sofre, principalmente produtores do agronegócio e também do ramo siderúrgico”, afirma Pennafort. Segundo ele, as tarifas anunciadas pelo presidente americano Donald Trump se somam aos impostos já pagos, aumentando significativamente os custos. “São cumulativas. Paga-se o que já pagavam mais 50% em cima do valor do produto. Ou seja, se o produto chega a custar R$ 10, paga-se a taxa de X mais 50%.”

Pennafort destaca que, no caso de produtos como carros, peças da General Motors e eletrônicos como iPhones, o impacto será ainda maior devido às barreiras comerciais existentes. “O iPhone, por exemplo, é produzido na China, vai para os EUA e de lá é exportado. Imagina com essa taxa?”, questiona.

Taxação de Trump pode baixar preço de alimentos

Ele avalia que a medida deve provocar um movimento de busca por fornecedores em outros países, especialmente no bloco dos BRICS. “Os BRICS estão cada vez mais se consolidando, fazendo parcerias. Em termos de buscar outros fornecedores, beleza, traz de outro lugar. Mas no caso do agro, se o produtor brasileiro vender menos para fora, em tese, vai sobrar mais produto aqui, o que pode diminuir o preço interno por ter mais oferta e menos demanda.”

No entanto, Pennafort alerta para a possibilidade de o Brasil adotar a lei de reciprocidade, impondo tarifas de igual valor aos produtos americanos. “Os produtos dos EUA ficariam mais caros aqui, o que dificultaria o consumo, gerando instabilidade cambial. Numa guerra cambial, a tendência é o real se desvalorizar mais do que o dólar, elevando o preço dos combustíveis e aumentando a inflação.”

Após o anúncio de Trump, os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, citaram a Lei de Reciprocidade Econômica como possível resposta do Brasil às tarifas impostas pelos Estados Unidos. Os chefes do Legislativo destacaram que o Congresso Nacional aprovou o texto em abril, garantindo ao país mecanismos de retaliação a barreiras comerciais aplicadas por outras nações.

A lei prevê a possibilidade de o governo brasileiro impor tributos, taxas ou restrições sobre importações de bens e serviços, além de suspender concessões comerciais ou de investimentos. “O Congresso Nacional acompanhará de perto os desdobramentos. Com muita responsabilidade, este Parlamento aprovou a Lei de Reciprocidade Econômica. Um mecanismo que dá condições ao nosso país, ao nosso povo, de proteger a nossa soberania”, afirmaram Alcolumbre e Motta na nota.

David Alcolumbre e Hugo Motta – Foto: Saulo Cruz/Senado

 

*Fonte: Portal Tucumã

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