A Polícia Civil do Amazonas prendeu, nesta segunda-feira (20), Sophia Livas de Morais Almeida, de 30 anos, acusada de exercer ilegalmente a Medicina em Manaus. Se passando por médica, ela atendeu pacientes, inclusive crianças com cardiopatias e autismo, chegou a utilizar consultórios de outros profissionais e assinou atestados médicos com a identidade de uma profissional real. A investigação revelou ainda que a falsa médica teve acesso a um hospital universitário e participou da organização de um congresso médico, o que a levou até Brasília, onde esteve em reuniões com representantes da Saúde e do Congresso Nacional.
A prisão é resultado de desdobramentos da Operação Hipócrates, conduzida pelo delegado Cícero Túlio, titular do 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP). Segundo ele, Sophia conseguiu se infiltrar em um curso de pós-graduação, onde ganhou a confiança de professores e médicos.
“Ela foi convidada a acompanhar casos delicados, teve acesso ao ambiente hospitalar e usou o nome de uma médica com registro ativo para emitir atestados e receituários. Usou da credibilidade de outros profissionais para aplicar golpes, inclusive em crianças”, afirmou o delegado.
Entre os documentos falsificados estão atestados médicos usados por dois trabalhadores, que acabaram sendo demitidos após a descoberta da fraude. A médica verdadeira, cujo nome era utilizado sem autorização, só tomou conhecimento do uso indevido após uma denúncia feita ao Conselho Regional de Medicina (CRM).
A investigação revelou que, com a confiança conquistada, Sophia utilizava até consultórios emprestados por colegas para realizar atendimentos. A farsa se aprofundou quando ela passou a atuar na organização de um congresso de neurocirurgia, o que lhe deu acesso a espaços institucionais em Brasília. Em uma das viagens, a investigada esteve presente em encontros com autoridades do setor de Saúde e políticos, representando-se falsamente como médica.
Circulavam nas redes sociais rumores de que Sophia teria algum grau de parentesco com o prefeito de Manaus, David Almeida, mas a informação foi negada pelo delegado Cícero Túlio. “Ela não tem qualquer ligação com autoridades públicas. Isso era mais uma estratégia para validar sua falsa identidade”, disse.
A polícia indiciou Sophia Livas pelos crimes de falsidade ideológica, charlatanismo, curandeirismo, uso de identidade falsa, exercício ilegal da medicina e estelionato contra vulneráveis. A equipe de investigação ainda analisa os materiais apreendidos para identificar possíveis novos delitos e outras vítimas da falsa médica.
O delegado finalizou o alerta à sociedade e aos profissionais de saúde: “É fundamental que, diante de qualquer suspeita, haja denúncia. Casos como esse mostram o risco da desinformação e da quebra de confiança em um setor essencial como o da saúde.”