Na manhã desta segunda-feira (7), dezenas de indígenas das 22 etnias do Alto Rio Jaquirana, incluindo homens e mulheres do povo Mayuruna, ocuparam a sede do Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Vale do Javari, em Atalaia do Norte, em protesto contra a atual gestão do órgão.
Ao Portal Tucumã, Vitor Maiuruna, um dos membros da Organização Geral do Povo Mayuruna (OGM) disse que os indígenas querem uma pessoa branca para coordenar o DSEI/Vaja. A medida imposta pelas lideranças é para evitar conflitos de interesse entre as etnias.
De acordo com comunicado oficial da OMG a ocupação ocorre de forma pacífica, mas reflete insatisfação com o coordenador Adelson Silva Saldanha, conhecido como “Kora”, por supostas irregularidades como a venda de patrimônio da saúde indígena, desvio de combustíveis, uso da estrutura do DSEI para campanha eleitoral em 2022, nepotismo em contratações sem processo seletivo, demissão de funcionários que não apoiaram seus candidatos, troca de favores íntimos por benefícios públicos e agressões verbais contra indígenas.
Os Mayuruna exigem a exoneração imediata de Kora e defendem que o novo coordenador seja nomeado pelo Ministério da Saúde, preferencialmente vindo de Brasília, para evitar conflitos entre etnias. Em nota, eles ainda acusam o coordenador de “levar empresários colombianos para vender pirarucu no território indígena”, gerando desrespeito a comunidades que manejam o pescado.

Nota de repúdio do prefeito
Em resposta, o prefeito de Atalaia do Norte, Denis Paiva, divulgou nota pública repudiando acusações de que teria envolvimento ou financiado as manifestações contra Kora. Ele classificou as falas do coordenador como “mentirosas, desesperadas e sem provas”, reiterando que seu trabalho é pautado na transparência e no compromisso com a população local.

Tensão entre lideranças
O movimento indígena afirma que a contratação de lideranças desconhecidas pela Sesai foi vista como tentativa de enfraquecer o povo Mayuruna. “Esses maioruna tinham que ter acabado”, declarou Darci Marubo, segundo relato de Vitor Maiuruna. Além disso, há revolta pela morte de três crianças da etnia Korubo, fato que, segundo Vitor, não foi denunciado pela Univaja.
Os manifestantes ressaltam que não aceitam interferências da Univaja ou Condisi, entidades que consideram coniventes com irregularidades no Dsei. Os indígenas aguardam a presença do Ministério Público Federal e da Polícia Federal de Tabatinga para mediar o impasse. Eles afirmam que só desocuparão a sede quando houver definição de um novo coordenador para a saúde indígena no Vale do Javari.
*Fonte: Portal Tucumã