JOVEM AUTISTA TEM 17 DENTES EXTRAÍDOS SEM AUTORIZAÇÃO DA FAMÍLIA

Uma jovem de 19 anos, com autismo severo, teve 17 dentes extraídos sem qualquer autorização familiar, no Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), unidade gerida pelo Governo do Pará.

A mãe da jovem, paciente, acompanhada há cinco anos no (CIIR), relatou que o agendamento era para limpeza e restauração dentária. No entanto, ao chegar à clínica, foi impedida de acompanhar o procedimento e informada apenas de uma “sedação de rotina”. Sem consentimento, sem explicações e sem qualquer laudo prévio, a filha passou por uma cirurgia de quatro horas que resultou na retirada de quase toda a dentição.

Segundo boletim registrado na Delegacia de Proteção à Pessoa com Deficiência, a jovem foi sedada de forma considerada irregular e imobilizada com o uso de uma máscara. A família foi retirada da sala e só soube da mutilação após o término da cirurgia. O dentista responsável, Diego Gomes, que atuava há anos na unidade, foi afastado das funções, mas até o momento não houve responsabilização judicial.

Ainda de acordo com o relato dos familiares, a equipe do CIIR tentou justificar a situação alegando problemas técnicos no fornecimento de oxigênio. Entregaram uma guia de radiografia panorâmica — que sequer foi realizada. Mesmo assim, a equipe decidiu avançar com o procedimento no mesmo dia, sem respaldo técnico e legal.

O trauma físico e psicológico causado à jovem, que tem autismo nível 3 e depende de apoio integral, é irreversível. A família acusa a instituição de negligência médica, violação de direitos humanos e abuso contra pessoa com deficiência. A dor e a indignação se tornaram ainda maiores diante do silêncio institucional que predominou após o fato.

Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde Pública do Pará (Sespa) informou que um processo administrativo foi aberto e que a jovem está recebendo acompanhamento, sem detalhar quais medidas efetivas foram tomadas para responsabilizar os envolvidos.

A situação acendeu o alerta entre ativistas e especialistas em saúde pública. Organizações que atuam na defesa dos direitos da pessoa com deficiência denunciam que esse não é um caso isolado. “Há um padrão de tratamento desumanizado quando se trata de pessoas com deficiência intelectual. Essa jovem foi submetida a um procedimento invasivo sem direito à voz, sem proteção e sem justiça até agora”, afirmou uma representante da Comissão de Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB Pará.

O caso segue em investigação, mas a pergunta que ecoa entre os familiares e defensores dos direitos humanos é uma só: quantas outras violências silenciosas estão sendo cometidas sob o rótulo de ‘inclusão’?

 

*Fonte: Portal Tucumã

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