O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) absolveu, na última terça-feira (21), os sete réus que respondiam na Justiça pelas mortes de dez jovens jogadores da base do Flamengo no incêndio do Ninho do Urubu, em 2019. A decisão foi proferida pelo juiz Tiago Fernandes Barros, da 36ª Vara Criminal.
Os acusados, denunciados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) pelos crimes de incêndio culposo qualificado e lesão corporal grave, foram inocentados por falta de provas.

O magistrado entendeu que não foi possível estabelecer um nexo de causalidade direto e individualizado entre as ações de cada um dos réus e a tragédia.
Quem foram os absolvidos
A sentença absolveu:
- Márcio Garotti: ex-diretor financeiro do Flamengo.
- Marcelo Maia de Sá: ex-diretor adjunto de patrimônio do clube.
- Danilo Duarte, Fabio Hilário da Silva e Weslley Gimenes: engenheiros responsáveis por aspectos técnicos da instalação dos contêineres.
- Claudia Pereira Rodrigues: responsável pelos contratos da empresa NHJ, que forneceu os módulos habitacionais.
- Edson Colman: sócio da empresa responsável pela manutenção dos aparelhos de ar-condicionado.
O caso inicialmente teve 11 denunciados. O monitor Marcus Vinícius já havia sido absolvido, e as denúncias contra o engenheiro Luiz Felipe e o ex-diretor da base Carlos Noval foram rejeitadas.
O ex-presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, foi retirado da lista de réus em fevereiro, após o MP-RJ alegar que ele, por ter 71 anos, não poderia mais ser punido devido à prescrição.
Revolta e promessa de recurso

A Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Ninho do Urubu (Afavinu) emitiu uma nota de repúdio à decisão, classificando-a como “uma grave afronta à memória das vítimas e ao sentimento de toda a sociedade”.
A entidade argumentou que a sentença “enfraquece as garantias de proteção à vida dos menores” e passa a mensagem perigosa de que “negligências de segurança, falhas na estrutura técnica e irresponsabilidades não serão toleradas”.
A Afavinu se comprometeu a lutar por uma revisão da decisão. O Ministério Público do Rio de Janeiro já informou que irá recorrer da absolvição, buscando reverter a decisão em uma instância superior.
A tragédia e suas vítimas
O incêndio ocorreu na madrugada do dia 8 de fevereiro de 2019, em um alojamento do centro de treinamento do Flamengo, em Vargem Grande.
O fogo, que começou em um aparelho de ar-condicionado, se alastrou rapidamente por contêineres adaptados como dormitórios, que não tinham alvará de funcionamento e apresentavam falhas de segurança, como janelas gradeadas.
Dez adolescentes, com idades entre 14 e 16 anos, morreram no local. As vítimas foram:
- Athila Paixão (14 anos)
- Arthur Vinícius (14 anos)
- Bernardo Pisetta (14 anos)
- Christian Esmério (15 anos)
- Gedson Santos (14 anos)
- Jorge Eduardo Santos (15 anos)
- Pablo Henrique (14 anos)
- Rykelmo de Souza (16 anos)
- Samuel Thomas Rosa (15 anos)
- Vitor Isaías (15 anos)
Além das mortes, três outros jovens ficaram feridos. O caso chocou o país e levantou discussões sobre as condições de alojamento de atletas jovens em clubes de futebol.

*FONTE: PORTAL TUCUMÃ