Expedição realizada em parceria com Marinha e OAB facilita acesso a serviços de saúde
MANAUS (AM) – “Hoje eu estou feliz porque minha gente está tendo um atendimento que nunca teve, uma oportunidade que nunca tivemos, de uma maneira fácil e rápida. Estou feliz e orgulhoso porque vocês vieram até minha comunidade fazer esse atendimento”. Com estas palavras, o cacique José Pancrasse, da Comunidade Indígena Nova Esperança, resumiu o sentimento de centenas de pessoas que foram atendidas nos dias 29 e 30 de outubro por uma equipe de profissionais que realizou uma operação inédita, levando assistência médica especializada diretamente para os moradores de comunidades indígenas no Amazonas.
A ação foi realizada pelo Hospital Universitário Getúlio Vargas, da Universidade Federal do Amazonas (HUGV-Ufam), vinculado à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), em parceria com a Marinha do Brasil, o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI Manaus) e a seccional Amazonas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que participaram da “Expedição Outubro Rosa – Saúde e Cidadania Navegando juntas!”.
A iniciativa foi planejada e coordenada pelo Núcleo Técnico-Operacional para o Programa de Saúde Indígena e Povos Originários da Amazônia do hospital e foi focada principalmente no atendimento às mulheres, dentro do contexto do Outubro Rosa, mas houve oferta de consultas e procedimentos também para homens adultos e crianças. O núcleo articulou com as lideranças locais, definiu os fluxos de atendimento, levantou as demandas em saúde e organizou a mobilização das equipes. O hospital já atende a população indígena presencialmente, sendo necessário o deslocamento até Manaus, ou com serviços de telessaúde.
Nos dois dias do Outubro Rosa, foram realizadas 63 consultas oftalmológicas, 41 consultas pediátricas, quatro consultas obstétricas de alto risco, 17 consultas ginecológicas, seis consultas com cirurgião geral, 20 exames preventivos, três de colposcopia (exame ginecológico), 15 mamografias e seis de ultrassonografia agendadas, além de procedimentos como rececção de lipoma e extração de projéteis em membro superior. Os exames agendados e as consultas de retorno foram feitos logo após a consulta. Também foi feito treinamento para uso de telecolposcópio com enfermeira do HUGV e do DSEI-Manaus.
A ação foi realizada no Polo Base Nossa Senhora da Saúde, que integra o Distrito Sanitário Especial Indígena de Manaus (DSEI Manaus) e atende as comunidades de Barreirinha, Boa Esperança, Kuanã, Nova Esperança, São Tomé, Terra Preta e Três Unidos, numa população total de 531 pessoas. Dessas, pelo menos 89 mulheres entre 25 e 79 anos e 135 crianças de até 14 anos.
Foram mobilizados médicos e residentes de cada especialidade e técnicos de radiologia do HUGV e da Marinha, com apoio logístico da Marinha, que disponibilizou a estrutura do Navio de Assistência Hospitalar (NAsH) Doutor Montenegro para o transporte das equipes e dos equipamentos, além do navio Carlos Chagas, seis lanchas e uma aeronave de asas rotativas, totalizando 140 militares para a ação, que também prestaram apoio para traslado dos pacientes das comunidades para os navios e vice-versa.
“Nós estamos com uma estrutura nos navios com atendimento médico, odontológico e farmacêutico. Também entregamos medicamentos para aqueles pacientes que vêm se consultar e saem com a prescrição médica. Temos, ainda, a presença de especialistas nessa operação conjunta com os demais órgãos para que possamos levar um atendimento especializado à comunidade”, destacou o Comandante da Flotilha do Amazonas, Capitão de Mar e Guerra, Sandir Antônio.
Gestor diz que ação terá continuidade
De acordo com o superintendente do HUGV-Ufam, Plínio José Cavalcante Monteiro, a iniciativa foi realizada com o objetivo de oferecer cuidado integral à saúde da mulher, especialmente no contexto da atenção à população indígena. “Trata-se de um projeto piloto, pois pretendemos realizar novas ações”, garantiu o gestor, adiantando que já há programação neste sentido para o mês de dezembro, quando a Ebserh promove um mutirão de cirurgias e atendimentos especializados.
Uma das pessoas atendidas foi Rosinete da Silva Andrade, que foi com a família até o local para realizar exames e consultas. “Fiz Raios-X e mamografia, meu marido e minha mãe foram atendidos. É muito difícil chegar até Manaus e por isso foi muito boa essa facilidade”, disse a moradora da Comunidade Indígena São Thomé, que fica a duas horas de barco da capital.
Pedro Elias, médico do HUGV-Ufam, falou da importância do trabalho em conjunto para o sucesso da Expedição Outubro Rosa. “Essa parceria possibilitou levar estes serviços focados na atenção à saúde da mulher, além de especialidades para todos os moradores das comunidades indígenas, marcando o compromisso social que o hospital tem com a população da Amazônia”.“
O vice-reitor da Ufam, Geone Maia, enfatizou que a expedição possibilitou o contato direto de residentes que atuam no hospital com a população indígena. “Foi uma ação de grande sucesso e esperamos dar continuidade, com as parcerias que desenvolvemos e com a participação da Universidade Federal do Amazonas”.
Iniciativa promove um dos princípios do SUS
O coordenador do Distrito Sanitário Indígena Manaus, André Ricardo Corrêa, ressaltou que a iniciativa fortalece a atenção básica e a vigilância em saúde. “Essa ação reafirma o compromisso da SESAI e do DSEI Manaus com a promoção da equidade no SUS, garantindo que as populações indígenas recebam um cuidado integral e contínuo, baseado no respeito e na valorização de seus saberes e modos de vida”, afirmou.
OAB oferece assistência jurídica
Além das ações assistenciais, a Comissão Permanente da Mulher Advogada da OAB Amazonas ofereceu atendimento jurídico individualizado (abordando direito da mulher, direito previdenciário, direito da família, direito trabalhista, direito à terra e regularização fundiária e crimes e garantias individuais), atendimento odontológico e psicológico, rodas de conversa e palestras, além da distribuição de cartilhas e folhetos informativos referentes ao temas abordados.
Sobre a Ebserh
O HUGV-Ufam faz parte da Rede Ebserh desde 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
