O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (24) que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, “não quer conversar”, ao falar sobre a ameaça de tarifas de 50% sobre os produtos brasileiros. “Eu não sou mineiro, mas sou bom de truco. Se ele tiver trucando, ele vai tomar um seis”, declarou o petista em referência ao jogo de cartas.
“Ele [Donald Trump] não quer conversar. Se quisesse conversar, ele pegava o telefone e me ligava. Eu conversei com o [ex-presidente dos Estados Unidos, Bill] Clinton, com o [ex-presidente dos EUA, Barack] Obama, com o [presidente da Rússia, Vladimir] Putin, com o [presidente chinês] Xi Jinping, conversei com o [ex-presidente dos EUA, Joe] Biden. Eu converso com a Índia, com o Canadá, ontem conversei 40 minutos com a presidente do México. [Mas] ele [Trump], não quis conversar”, disse.
A declaração de Lula foi feita durante discurso em Minas Gerais, onde Lula cumpria agenda oficial e anunciou o investimento de R$ 1,17 bilhão para a educação indígena e quilombola.
No discurso, Lula explicou que Trump deu até o dia 1º de agosto para o Brasil se posicionar sobre as investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e também sobre a regularização das big techs. “Se não, ele vai taxar o nosso comércio em 50%.”
O chefe do Palácio do Planalto acrescentou que o Brasil é acostumado a negociar. “Já tínhamos feito dez reuniões com os Estados Unidos. Dia 16 de maio, mandamos uma carta para eles, pedindo explicação das propostas que tínhamos feito. Não responderam”, contou.
Lula disse que queria apenas dizer para Trump que o Brasil era composto por indígenas, por descendentes de escravizados, por migrantes europeus, e que o país merecia respeito.
“A nossa soberania é feita por esse povo brasileiro, que produz, que trabalha. Nós temos 8,5 milhões de km² para proteger, temos a maior floresta do mundo, temos o nosso petróleo, o nosso ouro e aqui ninguém põe a mão. Este país é do povo brasileiro. A única coisa que eu peço ao governo americano é que respeite o povo brasileiro como eu respeito o povo americano”, declarou.
Lula ainda afirmou que não quer um “imperador do mundo” e que “ninguém iria dizer ao Brasil o que temos que fazer”. “Nós somos donos do nosso nariz. Se quiserem negociar, nós negociamos”, reforçou.
*Matéria de Edis Henrique Peres, do R7, em Brasília
Fonte: R7