O ministro Sebastião Reis Júnior, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decidiu manter a prisão preventiva do coach Hatus Moraes Silveira, investigado na morte da ex-sinhazinha do Boi Garantido, Djidja Cardoso. A decisão também manteve as medidas cautelares impostas a Verônica da Costa Seixas, que continuará sendo monitorada por tornozeleira eletrônica.
A medida foi tomada mesmo após o Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM) anular a sentença em primeira instância, alegando cerceamento de defesa. Segundo o ministro, a decisão do TJAM não analisou os fundamentos da prisão preventiva, cabendo agora ao juízo de primeiro grau reavaliar se as detenções e as medidas restritivas continuam sendo necessárias.
Processo anulado por falhas na condução
A defesa de Cleusimar de Jesus Cardoso e Ademar Farias Cardoso Neto, mãe e irmão de Djidja, conseguiu a anulação do processo por irregularidades na condução da ação penal. A Justiça reconheceu que laudos toxicológicos foram anexados aos autos de forma tardia, sem garantir prazo adequado para manifestação da defesa.
Os advogados também destacaram que os laudos apontam quantidade ínfima de cetamina, o que, segundo eles, reforça a tese de que os acusados seriam usuários e não traficantes da substância. A defesa informou ainda que pretende ingressar com um pedido de Habeas Corpus no STJ para buscar a liberdade dos réus.
Investigação revela existência de seita religiosa
De acordo com o delegado Cícero Túlio, da Polícia Civil do Amazonas, a investigação identificou a existência de uma seita religiosa criada pela família Cardoso. O grupo é acusado de induzir funcionários de uma rede de salões de beleza ao uso de cetamina e Potenay, substâncias de uso veterinário e proibidas para consumo humano.
Além de Cleusimar e Ademar, foram indiciados Bruno Rodrigues (ex-namorado de Djidja), os funcionários Verônica Seixas, Claudiele Santos e Marlisson Dantas, além do coach Hatus Silveira, apontado como elo com os fornecedores dos medicamentos. O grupo, segundo a polícia, planejava montar uma clínica veterinária como fachada para facilitar o acesso às substâncias e fundar uma comunidade para práticas doutrinárias da seita.
Djidja foi vítima de tortura, afirma polícia
As investigações apontam que Djidja Cardoso foi submetida a sessões de tortura praticadas pela própria mãe, com registros em vídeo. A ex-sinhazinha morreu no dia 28 de maio de 2024, em decorrência de uma depressão cardiorrespiratória causada pelos abusos sofridos.
Em decorrência das apurações, os envolvidos foram indiciados por uma série de crimes, incluindo:
- Tráfico e associação para o tráfico
- Tortura com resultado morte
- Sequestro e cárcere privado
- Estupro de vulnerável
- Exercício ilegal da medicina
- Curandeirismo, charlatanismo, entre outros
O caso é investigado no âmbito da Operação Mandrágora, que apura o funcionamento da seita e a distribuição ilegal de entorpecentes.